BURKA, BURQA, RIDAH, HIJAB

Um pano é um pano, é um pano? Não nesse caso e em nenhum deles, aliás. Fruto de evolução tecnológica humana de milhares de anos de refinamento, nenhum tecido sobre o corpo é destituído de significado.

No caso da burka o refinamento simbólico, ao meu ver, é bastante bonito. Sendo em princípio um símbolo de modéstia, de pudor, aos olhos de algumas feministas desavisadas é um dos grilhões machistas da cultura muçulmana. E para que serviria esse pudor, afinal, que não para um propósito mais elevado? No Ocidente é comum o reducionismo, aos moldes americanos, beirando ou penetrando na seara do caricato ou, em melhores hipóteses, no estereótipo petrificado pela preguiça crescente em tentar ver com outros olhos um fato qualquer.

Estava falando de panos e acabei criticando uma forma de pensar. Sim, porque estão ambos intimamente relacionados: na França, recentemente, houve a lei contrária ao uso da burka nas escolas, como se isso fosse um acinte à sociedade hospedeira desses imigrantes de sotaque e modos alheios ao costume. Estendendo então essa forma de discriminação, me pergunto por que então não aboliram as calcinhas das meninas fancesas cristãs. Dava na mesma em termos de violência à noção de pudor, não seria?

Explicando o pudor por trás do panejamento de um hijab, este não serve somente a um ocultamento descabido dos cabelos de uma mulher em qualquer idade. A filosofia do pudor é muito mais profunda e bela, de uma delicadeza e refinamento que poucos saberiam. Tem-se por norma achar que o islamismo considera as mulheres como inferiores. Se assim fosse a função mais elevada da burka e do hijab seria posta por terra, o que não é verdade.

O que faz um homem sentir atração física por uma mulher é fácil de entender, é biológico, hormonal. Qualquer metragem de tecido, qualquer barreira ou muralha seria ineficiente para um efeito meramente procriador. Mas o que faz o homem admirar ou amar verdadeiramente a mulher? Aí vem o início da filosofia do hijab.

Mostra-se o rosto somente, isento de sua moldura mais bela, que é o conjunto sedoso dos cabelos. Sem isso há a possibilidade de se prestar mais atenção na expressão do olhar, no sorriso, na voz, nas palavras e nas maneiras da mulher. Quanto mais se vela o corpo, mais se atiça o desejo de desvendar o que o anima. Não é totalmente verdade que o ocultamento inspira maior desejo meramente físico. A oportunidade perdida da atração animal dá mais espaço ao ouvir, ao sentir com o coração e a mente. Assim, ao invés de se prender a atenção ao que um dia será desgastado pelos anos, o macho humano que se pode realmente chamar de homem verá na doçura, inteligência e delizadeza de sua contraparte o que será o esteio de sua união e a continuidade de sua estirpe.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *